Quando eu era pequeno eu costumava passar dias na casa da
minha avó. Lembro-me de quando voltávamos pra casa dela, à noite, passávamos por
uma espécie de campo, uma plantação abandonada. Era um terreno quase baldio, escuro.
Era uma época em que eu fazia catequese, e lá - às vezes - discutíamos sobre Deus e o diabo.
Enquanto cruzávamos o campo eu pensava – comigo mesmo: “Aparece aí, diabo! Se tiver coragem.” Eu era
quase o homem que desafiou o diabo. Bom, tava mais pra “o feto que não tinha o que fazer.” Quando chegavam as
noites – e elas chegavam - eu me cobria com todos os lençóis e me enfiava por
debaixo dos travesseiros, tinha medo de que
o cidadão viesse tirar satisfações comigo. Hoje, eu me lembro disso. Dou
risada. E, hoje, eu ainda durmo com a
cabeça parcialmente coberta, ele deve ter marcado minha cara, apesar da
escuridão da plantação.
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